Ceará lidera taxa de homicídios dolosos no Brasil em 2024, aponta Mapa da Segurança Pública

Apesar da alta no ano passado, Estado registra queda nas mortes violentas em 2025 após mudanças na gestão e investimentos em segurança
O Ceará registrou a maior taxa de homicídios dolosos do Brasil em 2024, conforme o Mapa da Segurança Pública 2025, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. A taxa estadual chegou a 34,42 casos por 100 mil habitantes, superando todas as demais unidades da federação.
No total, o estado contabilizou 3.178 homicídios dolosos no ano passado — crimes caracterizados pela intenção de matar. O número representa um aumento de 9,85% em relação a 2023, ficando atrás apenas do Maranhão, onde o crescimento foi de 11,47%.
Esse aumento contrasta com a tendência nacional, que registrou queda de 6,33% nos homicídios dolosos: foram 37.754 vítimas em 2023 contra 35.365 em 2024, o que representa uma média de 97 assassinatos por dia em todo o Brasil.
O Nordeste concentrou quase metade dos homicídios dolosos registrados no país no ano passado. A região respondeu por 45,8% dos casos, totalizando 16.022 vítimas, mesmo com uma queda de 2,81% em relação a 2023.
Queda em 2025
Apesar dos dados preocupantes de 2024, os primeiros meses de 2025 têm mostrado redução significativa na violência letal no Ceará. Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), divulgados em fevereiro, houve uma queda de 16,5% nos Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLIs) em Fortaleza e de 5,3% no estado.
Em janeiro de 2025, foram registrados 269 CVLIs no Ceará, contra 284 no mesmo mês do ano anterior. Já entre janeiro e março, o número caiu 11%: foram 729 casos no primeiro trimestre de 2025, contra 819 no mesmo período de 2024 — uma redução de 90 mortes.
A SSPDS também informou que, nos cinco primeiros meses deste ano, o Ceará teve uma queda de 17,7% nos CVLIs. Foram 1.198 ocorrências, 257 a menos do que no mesmo intervalo de 2024, que registrou 1.455 mortes violentas.
Mudanças na gestão
Em meio ao aumento da violência em 2024, o governador Elmano de Freitas (PT) promoveu uma troca no comando da SSPDS. Em maio do ano passado, Samuel Elânio deixou o cargo, e Roberto, delegado da Polícia Federal, assumiu a secretaria. A mudança foi vista por especialistas como uma resposta ao aumento da criminalidade e da taxa de homicídios.
Desde então, a SSPDS afirma que tem reforçado as ações ostensivas e investigativas. De janeiro a maio de 2025, as Polícias Militar e Civil prenderam 14.192 pessoas por diversos crimes. Dentre elas, 1.144 foram detidas por envolvimento em homicídios dolosos — um crescimento de 24,9% em relação ao mesmo período de 2024.
Investimentos e reestruturação
Entre as medidas adotadas, o governo sancionou, em fevereiro, o novo sistema de Metas Integradas de Segurança Pública (Misp), vinculado ao programa Ceará Contra o Crime. A iniciativa define metas baseadas em manchas criminais e indicadores da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), com foco na redução de crimes.
Com os resultados obtidos no primeiro quadrimestre, o Estado investiu R$ 45,4 milhões em bônus pagos a cerca de 25 mil servidores das forças de segurança.
Em março, foi sancionada a nova lei de reestruturação das forças de segurança do Estado. As mudanças incluem a criação de novos comandos, batalhões e companhias da Polícia Militar; departamentos especializados da Polícia Civil, como o de Repressão ao Crime Organizado e ao Patrimônio; além da ampliação das unidades de perícia criminal, com novos núcleos, coordenadorias e setores de inteligência.
A SSPDS afirma que as medidas visam modernizar as instituições e aprimorar o combate à criminalidade, respondendo às demandas da sociedade.