Açude Orós está a 7 cm de sangrar e pode atingir maior nível em mais de uma década

Orós, CE – O Açude Orós, segundo maior reservatório do Ceará, está prestes a atingir sua capacidade máxima e pode sangrar nos próximos dias, conforme dados divulgados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Nesta quarta-feira, 23 de abril de 2025, o nível do açude alcançou 88,39% da capacidade total, restando apenas 7 centímetros para que a água ultrapasse o sangradouro.
Com volume total de armazenamento de 1,94 bilhão de metros cúbicos, o Orós é um dos mais importantes e históricos reservatórios do estado, represando as águas do rio Jaguaribe. Localizado no município de mesmo nome, o açude foi construído na década de 1960 e passou por reconstrução após o rompimento da barragem em 26 de março de 1960. A obra foi retomada por ordem do então presidente Juscelino Kubitschek, e o açude foi reinaugurado em 1961.
A maior cheia desde 2011
A expectativa da população e das autoridades é grande, já que o reservatório não atinge o nível de sangria desde 3 de agosto de 2011. Se isso acontecer em 2025, será a primeira vez em 13 anos que o Orós transbordará. O atual volume é o maior registrado desde 25 de abril de 2012, quando o açude marcava 84,58%.
No início de 2025, o Orós apresentava 58,64% de seu volume total. Esse índice caiu para 57,92% em 12 de janeiro, mas, desde então, o açude passou a receber recargas expressivas, refletindo o bom desempenho da quadra chuvosa no estado.
Efeito dominó nas águas do Ceará
Caso venha a sangrar, o excesso de água seguirá em direção ao Açude Castanhão, o maior do estado e um dos principais responsáveis pelo abastecimento da Região Metropolitana de Fortaleza. O Castanhão, atualmente, está com 29,95% de sua capacidade, o que torna o aporte proveniente do Orós ainda mais relevante para o sistema hídrico estadual.
A possível sangria do Orós é um alento em meio às preocupações com os efeitos das mudanças climáticas e o histórico de secas prolongadas no semiárido nordestino. Especialistas reforçam, no entanto, a importância da gestão eficiente desses recursos, mesmo em períodos de bonança, para garantir segurança hídrica ao longo do ano.