Condenada pelo STF, Carla Zambelli deixa o Brasil e diz que pedirá afastamento do mandato

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão pela invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A informação foi confirmada pelo blog da jornalista Andréia Sadi, do g1, que revelou que a parlamentar está atualmente na Europa.

Segundo Zambelli, a viagem ao exterior teve como motivação a realização de um tratamento médico já iniciado anteriormente fora do país. Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, a deputada declarou que pretende pedir licença do mandato na Câmara dos Deputados. No entanto, sua defesa afirmou que não tem informações sobre seu paradeiro no momento.

“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui. E agora vou pedir para que eu possa me afastar do cargo. Tem essa possibilidade na Constituição, acho que as pessoas conhecem um pouco mais essa possibilidade hoje em dia porque foi o que o Eduardo [Bolsonaro] fez também”, disse Zambelli.

Durante a mesma live, a parlamentar alegou ser vítima de perseguição política e criticou o ambiente institucional brasileiro. “Me cansei de ficar calada, me cansei de não atender meu público (…) nosso País não tem condições de abarcar pessoas que querem falar tanto quanto eu”, afirmou.

Condenação e possível perda de mandato

A condenação de Carla Zambelli foi determinada pela 1ª Turma do STF no dia 18 de maio. Os ministros indicaram a perda automática do mandato parlamentar, decisão que, segundo entendimento da Corte, deve ser referendada pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.

Apesar disso, integrantes da Câmara têm sustentado que a palavra final sobre a perda de mandato cabe ao plenário da Casa, o que ainda pode gerar embates institucionais. A deputada deixou o país antes da análise de todos os recursos possíveis no processo.

O caso que levou à condenação envolve o uso indevido de credenciais de acesso e invasão de sistemas internos do CNJ, um episódio que foi classificado pelos ministros como grave ataque à integridade de instituições do Judiciário.

Com a ausência de Zambelli e a indefinição sobre os trâmites de sua licença ou eventual cassação, o cenário político segue em aberto, aumentando a tensão entre os Poderes e abrindo margem para novos capítulos no embate entre o STF e setores mais radicais do Congresso.