Casa dos Ventos vai construir ao menos 3 cabos subterrâneos entre Fortaleza e data center do Pecém

Casa dos Ventos planeja estrutura subterrânea para conectar data center no Pecém ao hub de dados em Fortaleza
Empreendimento bilionário deve ser concluído até 2027 e pode atrair gigantes como ByteDance e Huawei ao Ceará
A gigante cearense de energias renováveis e tecnologia Casa dos Ventos vai construir uma infraestrutura terrestre subterrânea para conectar o futuro data center da empresa, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), ao Hub Tecnológico de Dados de Fortaleza, localizado na Praia do Futuro.
A informação foi confirmada ao Diário do Nordeste por João Caldas, diretor de inovação da Casa dos Ventos, durante o evento Ceará Tech Hub, realizado na última semana em Fortaleza. O encontro, promovido pela Fundação Cultural Nipônica Brasileira (FCNB), discutiu os impactos estratégicos, econômicos e tecnológicos da implantação de data centers no Ceará.
Segundo Caldas, o projeto do novo data center já conta com parecer positivo para a fase inicial, que prevê 300 megawatts (MW) de capacidade instalada. Na segunda etapa, a meta é triplicar esse número, alcançando quase 1 gigawatt (GW) de potência.
Nova infraestrutura de conectividade
Como não há previsão de chegada de cabos submarinos ao Cipp, será necessário implantar pelo menos três cabos de fibra óptica subterrâneos entre Fortaleza e o novo centro de dados. As rotas exatas ainda não podem ser divulgadas, mas a proposta é criar conexões de alta capacidade que beneficiem não só o data center, mas toda a região do Porto do Pecém — incluindo a possibilidade de levar internet de alta velocidade para escolas públicas.
“Faz parte do projeto o desenvolvimento de pelo menos três rotas de alta capacidade entre a Praia do Futuro e o Cipp. Isso poderá beneficiar não apenas empresas do porto, mas também a população local”, destacou João Caldas.
O data center será instalado na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém, mas sua viabilização ainda depende de autorização do Governo Federal, uma vez que o espaço é destinado, por lei, a atividades voltadas à exportação de produtos — e o data center é um serviço.
Investimento bilionário até 2027
O empreendimento deve ser concluído até 2027, com início das obras ainda este ano. Além da complexidade técnica, o projeto enfrenta desafios regulatórios e precisa da liberação dos mais de 600 MW restantes junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O órgão já chegou a suspender partes do projeto no passado.
Até o momento, a única liberação definitiva foi da primeira fase do data center, com conexão autorizada à subestação Pecém 2, de 230 quilovolts (kV). A expectativa é que a estrutura, somada à conectividade garantida pelos novos cabos, transforme o local em um polo tecnológico regional.
“Tendo a disponibilidade de potência e de conectividade, como a gente imagina que tenha, tem tudo para se tornar um polo de novos projetos. Tem área, tem espaço, tem capacidade”, disse Caldas.
Parcerias estratégicas e empregos
Embora não confirme nomes, o diretor da Casa dos Ventos não nega que grandes empresas estão interessadas no novo espaço. A expectativa é que a ByteDance, dona do TikTok, e outras companhias chinesas ocupem parte da infraestrutura. A empresa, no entanto, evita divulgar detalhes das negociações.
Além disso, o projeto poderá atrair a gigante chinesa Huawei, que está no radar de uma comitiva brasileira que visitará a China em junho para negociar a instalação de empresas asiáticas em hubs tecnológicos no Brasil.
Impacto econômico
Somente o data center da Casa dos Ventos deverá gerar mais de 16 mil empregos diretos e indiretos na região do Pecém. Quando somado ao projeto de produção de hidrogênio verde (H₂V), esse número sobe para cerca de 22 mil postos de trabalho.
O novo empreendimento se consolida como um dos maiores projetos de infraestrutura tecnológica do Nordeste, reforçando a posição do Ceará como um dos centros estratégicos para a transformação digital no Brasil.