Vereadora propõe IPTU Verde em Fortaleza com desconto para imóveis sustentáveis

Fortaleza, CE – A Câmara Municipal de Fortaleza está analisando um projeto de lei que propõe a criação do chamado IPTU Verde, uma iniciativa que visa conceder benefícios fiscais a proprietários de imóveis que adotem práticas sustentáveis. A proposta, de autoria da vereadora Bella Carmelo (PL), começou a tramitar oficialmente no início de fevereiro e foi lida em plenário na última semana.
O projeto busca incentivar ações ambientais por meio de descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), concedidos àqueles que implementarem medidas ecológicas em seus imóveis. De acordo com o texto, seis práticas principais seriam contempladas como critérios para o abatimento:
- Instalação de sistemas de captação e reaproveitamento da água da chuva;
- Utilização de painéis solares ou outras fontes de energia renovável;
- Emprego de materiais sustentáveis em obras de construção ou reforma;
- Implantação de telhados verdes ou coberturas vegetadas;
- Plantio de árvores, mudas ou sementes no imóvel ou entorno;
- Outras ações que promovam a sustentabilidade ambiental, conforme regulamentação posterior do Poder Executivo.
Impacto ambiental e urbano positivo
Segundo Bella Carmelo, o IPTU Verde pode trazer benefícios significativos para o ambiente urbano de Fortaleza. Em justificativa anexada ao projeto, a vereadora destacou que medidas como o reaproveitamento da água da chuva podem ajudar a reduzir a sobrecarga no sistema de drenagem da cidade, além de melhorar o microclima urbano por meio do aumento da vegetação.
“A implementação do IPTU Verde poderá resultar em benefícios diretos para a cidade, como a redução do volume de águas pluviais direcionadas ao sistema de drenagem urbana e a melhoria do microclima local com novas plantas e árvores”, afirma a parlamentar.
Tramitação e limitações legais
Apesar da proposta de incentivo fiscal, a vereadora não pode, por lei, legislar diretamente sobre redução de receitas municipais — como a arrecadação de impostos. Por isso, caso a proposta seja aprovada, ela deverá ser encaminhada ao Poder Executivo, que decidirá se transforma a medida em projeto de lei próprio (denominado mensagem do Executivo).
Além disso, o projeto ainda não apresenta estudos de impacto financeiro que apontem quanto a Prefeitura poderia deixar de arrecadar caso os descontos sejam implementados em larga escala. A definição dos percentuais de desconto e dos critérios de comprovação das ações sustentáveis também ficaria sob responsabilidade do Executivo municipal.
Próximos passos
No momento, o projeto aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira etapa do processo legislativo na Câmara. Só após essa análise inicial de legalidade e constitucionalidade o texto poderá avançar para as comissões temáticas e, eventualmente, ser votado em plenário.
A proposta surge em meio a um cenário crescente de preocupação com as mudanças climáticas, urbanização desordenada e necessidade de políticas públicas que incentivem a preservação ambiental nas cidades.